Evangelismo Urbano

Evangelismo Urbano


Projeto de Evangelismo Urbano

Pensamento Base
“O que a igreja faz internamente sem intenção de causar impacto no mundo lá fora, não é missão”. Van Eegen
Base Bíblica
“No bem estar dos justos exulta a cidade...pela bênção que os retos suscitam, a cidade se exalta...” Provérbios 11:10-11

E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo. E, vendo as multidões, teve grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor. Então, disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara. Mateus 9:35-38

Base Profética
O Senhor me apresentou a obra que tem que ser feita em nossas cidades. Os crentes aí devem trabalhar para Deus nas vizinhanças de sua casa. Devem fazê-lo quieta e humildemente, levando consigo, aonde quer que forem, a atmosfera do Céu. Se perderem de vista o próprio eu, apontando sempre para Cristo, será sentido o poder de sua influência. 3TS, 346.

Muitos pensam que seria grande privilégio visitar os cenários da vida de Cristo na Terra, andar pelos lugares por Ele trilhados, contemplar o lago à margem do qual gostava de ensinar, as montanhas e vales em que Seus olhos tantas vezes pousaram. Mas não necessitamos ir a Nazaré, a Cafarnaum ou a Betânia para andar nos passos de Jesus. Encontraremos Suas pegadas junto ao leito dos doentes, nas choças da pobreza, nos apinhados becos das grandes cidades, e em qualquer lugar onde há corações humanos necessitados de consolação. Fazendo como Jesus fazia quando na Terra, andaremos em Seus passos. DTN, 640.

Fundamentação
A igreja não pode frustrar-se de viver na cidade. O mundo está em ritmo acelerado de crescimento:
Ano
População Mundial
1925
2 bilhões
1985
4,8 bilhões
2000
6,5 bilhões
2010
7 bilhões

Ao mesmo tempo, as grandes concentrações em centros urbanos acompanham esse crescimento o que implica a igreja urgência e introdução de novas metodologias contextualizadas para cumprimento de sua missão nas cidades.
Nós não compreendemos a que extensão os agentes de Satanás estão trabalhando nessas grandes cidades. A obra de levar a mensagem da verdade presente perante o povo está-se tornando cada vez mais difícil. É essencial que novos e variados talentos se unam em inteligente trabalho pelo povo. Evangelismo, 31.
As 10 Maiores Aglomerações Mundiais (em milhões)
1950
População
1985
População
2010
População
Nova Iorque
12.4
Tóquio/Yocohama
21.8
Tóqio
35.6
Londres
10.4
Cidade do México
18.4
Nova Iorque
19.04
Tókio/Yocohama
6.7
Nova Iorque
18.3
Cidade do México
19.02
Rhein/Ruhr
6.4
Xangai
17.5
Bombain
18.9
Xangai
5.8
São Paulo
15
São Paulo
18.8
Paris
5.5
Beijing
14.6
Nova Delhi
15.9
Buenos Aires
5.3
Los Angeles
10.9
Xangai
14.8
Chicago
5
Buenos Aires
10.8
Calcutá
14.8
Moscou
4.8
Rio de Janeiro
10.4
Daca
13.5
Calcutá
4.7
Seoul
10.2
Buenos Aires
12.8

As cidades apresentam necessidades especiais. O mesmo acontece quando aplicamos os conceitos de missão dentro de uma perspectiva urbana. Existem perspectivas que os pastores devem considerar olhando a sua igreja dentro das cidades:
1.       A missão que temos em Cristo e as prioridades quando esta missão está inserida no contexto urbano.
2.       A visão do povo de Deus quanto à cidade e o povo urbano.
3.       Busca de novos modelos missionais.
4.       Estilo de vida e ações urbanas são determinadas culturalmente.
Isso representa que a igreja necessita para o cumprimento da missão urbana:
1.       Integridade da Missão: não deve existir uma separação entre a nossa missão e a missão de Jesus.
2.       Perspectiva da Missão: Deus amou ao mundo e consequentemente amou as pessoas que vivem nas cidades. Necessitamos mudar a visão da igreja com relação as cidades.
3.       A relevância da Missão: a igreja voltada para a cidade é uma igreja contextualizada com as necessidades locais, tornando-se uma referência social além da espiritual.
4.       Modelo e ação da Missão: a igreja precisa encontrar maneiras de cumprir a missão na cidade.
5.       Barreiras e pontes para a Missão: a igreja precisa localizar quais são as barreiras que a impedem de participar ativamente na cidade.



A Integridade da Missão
É preciso reconhecer que existem falhas na identificação da missão de Cristo e a nossa missão como igreja urbana. O relacionamento entre Cristo e a igreja é um ponto crucial para definirmos a nossa eclesiologia:
1.       Não existe igreja sem Cristo.
2.       A igreja só existe se Jesus é reconhecido e entendido como Deus.
3.       A forma como compreendemos Jesus é a mesma como compreendemos a igreja.
4.       Eclesiologia só pode ser desenvolvida a partir da cristologia.
A integridade da missão representa que não existe uma separação entre o que Cristo fez e o que a sua igreja faz.
Se a eclesiologia for desenvolvida antes da cristologia corremos os seguintes riscos:
1.       Institucionalização: igreja como centro de tudo.
2.       Culto ao Personagem: o líder torna-se o centro das atenções.
3.       Ministério da Manutenção: preocupação excessiva com a preservação e abandono da missão.
A igreja pertence a Jesus
A igreja de Deus deve ser submissa a Cristo porque Ele a comprou com seu próprio sangue. Por isso, por meio e no poder do Espírito Santo a multiforme sabedoria de Deus deve ser conhecida pela missão da igreja.
No passado a denominação tinha muito poder; hoje a ênfase moveu-se na direção de pastores e líderes.
Essa ênfase em uma pessoa na igreja, facilmente encontraremos abuso de autoridade e liderança. Na igreja, a ênfase deve estar em Cristo e a sua missão.
A essência da igreja
A missão de Cristo é a missão da igreja.
E o amor é este: que andemos segundo os seus mandamentos. Este é o mandamento, como já desde o princípio ouvistes, que andeis nele. 2 João 6.

Jesus andou nesse amor: são 4 recomendações da práxis do amor de Jesus.

1.       Ame seus inimigos (Mt. 5:44)
2.       Ame o seu vizinho (Mt. 19:19)
3.       Ame a Deus (Mt. 22:37)
4.       Amem uns aos outros (Jo. 12:24)

“Se me amais, guardareis os meus mandamentos.” João 14:15

“O amor de Cristo nos constrange.” 2 Coríntios 5:14

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.” I Coríntios 13:1-3

O discipulado é reconhecido pelo amor.

Jesus andou como servo

Eis aqui o meu servo, que escolhi, O meu amado, em quem a minha alma se compraz; Porei sobre ele o meu espírito, E anunciará aos gentios o juízo. Mateus 12:18

“O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.” Mt 20:18.

Ele é o servo sofredor – Isaías 53

Segundo Lucas, o serviço de Jesus tinha 5 direções:

1.       Ele pregou boas-novas aos pobres
2.       Ele proclamou libertação aos cativos
3.       Ele restaurou a vista aos cegos
4.       Ele libertou os oprimidos
5.       Ele proclamou o ano aceitável do Senhor

Jesus andou com compaixão

Compaixão é a prática de um coração cheio de misericórdia e justiça. Se a igreja deseja desenvolver uma ação pastoral na cidade, a compaixão faz-se necessária.

Um evento da vida de Jesus evidencia sua compaixão:

João 5:1-15 – Jesus encontra um homem que estava enfermo há 38 anos. Ele estava em Betesda – que significa casa de misericórdia.

A igreja deve ser hoje Betesda – uma cada de misericórdia para aqueles que estão sofrendo, sem esperança no mundo.

Elementos da Missão da Igreja – Mt 9:35-10:1

A missão urbana apresenta 5 elementos:

1.       Contexto
2.       Conteúdo
3.       Compaixão
4.       Compromisso
5.       Comissionamento



Contexto

Diz respeito à cultura – aos valores, idéias e sentimentos – de um determinado povo. A missão de Jesus é missão urbana.

A maior parte do ministério de Jesus foi desenvolvida nas regiões urbanas e cidades. Jesus disse: Saí depressa para os becos e ruas da cidade – Lucas 14:21.

A cidade constituí a esse respeito o maior desafio para os cristãos. Ali estão os seres humanos, ali Deus nos espera com uma missão.

Conteúdo

Jesus percorria as cidades e povoados fazendo 3 coisas:

1.       Pregando - Espiritual
2.       Ensinando - Mental
3.       Curando - Físico

A missão de Jesus enxergava o ser humano como um todo em todas as suas faculdades.

- Kerigma
- Didaquê
-Diaconia

Essas ações não são ações isoladas ou separadas. Não podemos ter uma igreja com ênfase apenas na. Uma igreja só será equilibrada e integral quando esses elementos não puderem ser separados.

Compaixão para a Missão Urbana

“Vendo ele as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não tem pastor.” Mt 9:36

No contexto urbano:

- Aflição: sentimento de angústia diante das realidades concretas da vida: falta de trabalho, medo do futuro, assaltos e crimes, dificuldade para fazer uma faculdade, depressão.

A pastoral urbana terá necessariamente de trabalhar com essas realidades, que goste ou não.

- Exaustão: estresse, canseira, fadiga, excesso de trabalho, sem tempo para o lazer. Cada dia mais encontramos pessoas que dizem não ter tempo.

A igreja deve repensar suas atividades, suas programações, seus métodos e propostas diante dessas novas realidades urbanas. No inicio da década de 80, programas evangelísticos aconteciam com 90 noites consecutivas.

A urbanidade exige metodologias e estratégias novas para trabalharmos com a questão da fadiga no ser humano urbano.

- Pessoas desorientadas: pessoas em profundas crises existenciais, profissionais, vocacionais, emocionais e espirituais.

Pessoas que enfrentam situações difíceis como separação, divórcio, abandono e morte.

Missão sem compaixão é interesse sem amor. Missão com compaixão é amor que se interessa.

Compromisso

Compromisso da oração e intercessão para que trabalhadores sejam despertados para o ministério pessoal que se enquadra com o seu dom.

“A seara na verdade, é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, pois ao senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara.” Mt 9:37-38

1.       A seara é grande – as cidades são grandes
2.       O desafio é muito grande
3.       Nossos esforços e estratégias, nossas estruturas, nossos recursos não são suficientes.

Jesus enviou 70 para que o precedessem em cada cidade ou lugar que ele estava para ir –       Lc 10:1.

Espiritualidade e missão andam juntas. Não mais podemos correr o risco de ensinar uma espiritualidade que não é missionária.

Comissionamento

Diz respeito ao chamado e à vocação – agentes da missão. Jesus não somente convoca, mas também capacita seus agentes missionários.

A igreja faz missão não na força do seu poder espiritual, eclesiástico, institucional, político ou denominacional.

Muitas igrejas e denominações estão mais preocupadas em querer ter autoridade e poder para fortalecer suas estruturas, do que poder e autoridade para “expelir espíritos imundos e curar toda sorte de doenças e enfermidades.” (Mt 10:1)

A Perspectiva da Missão

Como igreja, precisamos entender que Deus amou o mundo, consequentemente, as cidades e os povos do mundo.

Muito do nosso pessimismo, criticismo e ausência na cidade vem da nossa concepção errônea sobre o mundo.

Se o mundo é percebido como ruim, mau e corrupto, então nossa perspectiva da cidade segue o mesmo caminho. Deus deseja redimir as cidades do mundo e os povos que nelas habitam:

MISSÃO JONAS

A Bíblia começa com um jardim perfeito e termina com uma cidade perfeita.

Definição da Cidade

Amos Hawley: Um território permanente, ocupado de forma concentrada e com uma unidade administrativa definida, onde seus residentes ganham a vida primariamente especializando-se em uma variedade de atividades não agrícolas.

Greenway: Concentrações de pessoas que vivem próximas e interagem umas com as outras sob alguma forma de incorporação municipal e governamental.

Orlando Costas: Concentração populacional produzida por fenômenos sociológicos, psicológicos, econômicos, políticos e culturais que produzem mudanças nas pessoas.

Luis Wirth: A característica marcante do modo de vista do homem na idade moderna é sua concentração em agregados gigantescos em torno dos quais está aglomerado um número menor de centros e de onde irradiam as ideias e as práticas que chamamos de civilização.

Existem 2 realidades dentro do contexto da cidade:

1.       Competição: todos lutam – violência, impessoalidade, luta pelo poder, conflitos e superficialidade. O “eu” em detrimento do outro.

2.       Oportunidade:  buscando uma forma de sobrevivência. Melhores oportunidades na educação, cultura, tecnologia e entretenimento.

As Cidades na Bíblia

Caim foi quem construiu a primeira cidade e deu a ela o nome de seu filho Enoque (Gn 4:17).

A primeira cidade da Bíblia a se rebelar contra Deus foi Babel – Gn 11:4

Sodoma e Gomorra tiveram fins trágicos – Gn 18:16-33

O Egito foi um lugar de escravidão, onde a construção das cidades de Pitom e Ramessés foi realizada através do trabalho forçado e opressão – Êx. 1:11.

Todo o livro de Josué foi escrito tendo como pano de fundo a cidade de Jericó.

No Novo Testamento – o diabo levou Jesus à “cidade santa” (Mt 4:5)

Em Atos vemos o avanço das cidade e o conseqüente crescimento da igreja nas mesmas.

Uma Nova Visão Sobre a Cidade

“É necessário fomentar no povo de Deus latino-americano uma visão positiva, até mesmo crítica da cidade e do homem urbano. Nós sabemos que o povo protestante latino-americano tem sido frequentemente caracterizado por uma visão nostálgica, negativa e rural.” O. Costas

Se nós cristãos odiamos a cidade, consequentemente não temos interesse algum em redimi-la. Se desejamos ver o evangelho do reino ser difundido e antecipar a segunda vinda de Jesus, devemos ver a cidade como nosso principal (mas não único) campo missionário, pois é aí que vivem milhares e milhares de pessoas.

3 Mudanças:

1.       Uma nova espiritualidade: nossa espiritualidade tem sido desenvolvida, basicamente, dentro da igreja. Está na hora de desenvolvê-la também fora da igreja. Não existe a possibilidade de transformação do povo de uma cidade utilizando-se de uma espiritualidade que está sempre voltada para a pessoa que a desenvolve.

“Uma espiritualidade forte voltada para a cidade requer um sistema teológico de crença que é produzido através de uma análise social crítica, um processo que busca harmonizar a disciplina da meditação e compromisso com uma agenda baseada em ações – a mente e coração buscando conhecer a Deus e viver de acordo.” Valerie Russel

2.       Uma nova atitude: a igreja é chamada a identificar-se com as pessoas da cidade. É uma contradição dizer e proclamar que o evangelho transforma se não estamos dispostos a demonstrar e viver o amor entre as pessoas que Deus tem nos colocado.

3.       Uma nova aproximação pastoral: a pastoral não é um fim em si mesma. É uma forma de desenvolver as prioridades e missão de Deus. Ela é contextual, pois depende do momento específico em que as necessidades estão sendo sanadas. Se a atividade pastoral possuir o mesmo modelo e forma em todos os lugares que atua, torna-se repetitiva e imitativa. O alvo é que se torne autóctone – por ser uma resposta ao seu próprio contexto.

José no Egito – estilo administrativo
Moisés – pastoral libertadora
Ezequiel – pastoral política

Pastoral é a ação da igreja no mundo, modelada em Cristo para cumprir a missão de Deus. Não é apenas tarefa do pastor, mas de todo o povo de Deus em missão.

A pastoral será relevante, criativa e efetiva se for contextual. A pastoral é uma resposta para realizar a missão de Deus.

“Toda teologia deve ser pastoral e toda pastoral deve ser teológica.” Karl Hahner

Se a igreja deseja ser relevante para o bem da cidade, ela deve ser uma comunidade de adoração. Profundamente envolvida com as preocupações de sua vizinhança, treinando homens e mulheres para exercitarem o seu sacerdócio no mundo.

A nossa missão na cidade depende da visão e da perspectiva que temos dela.

A Relevância da Missão

A igreja é o povo de Deus em missão. O povo de Deus é um povo missionário. Missão é a essência da igreja.

Algumas características devem ser incorporadas à igreja para que ela desenvolva sua missão nas cidades.

1.       Uma Comunidade de Adoração: é um lugar onde as pessoas encontram sua verdadeira liberdade, sua verdadeira dignidade e verdadeira qualidade em reverência àquele que é digno de toda adoração que podemos oferecer. A realidade das cidades deve estar refletida na liturgia. Deve-se criar, através de uma renovação litúrgica um amor pela cidade. A ação profética e libertadora só nasce com homens e mulheres apaixonados por alguma coisa. A liturgia deve abastecer, infundir nos cristão muita energia, muita vontade de transformar a realidade da cidade.é um espaço de conscientização, concentração para a missão. É possível que haja alienação litúrgica.

2.       Uma comunidade da verdade: a verdade é a Palavra de Deus, a qual trabalha na pessoa que crê.

3.       Uma comunidade profundamente envolvida com as preocupações de sua vizinhança: a igreja não é uma família, mas é a família de Deus, chamada a ser vizinha para todos aqueles a quem Deus ama.

4.       Uma comunidade onde homens e mulheres são preparados para e sustentados em seu exercício de sacerdócio no mundo: o exercício desse sacerdócio não é realizado dentro das paredes da igreja, mas nos negócios diários do mundo. Precisamos de 2 ações: dentro e fora da igreja (centrífuga e centrípeta).

5.       Uma comunidade de responsabilidade mútua: consolem um ao outro (I Ts 4:18); Edifiquem um ao outro (I Ts 5:11);  Vivam em paz um com o outro (I Ts 5:13); Façam o bem um ao outro (I Ts 5:15).

6.       Uma comunidade de Esperança: a vida torna-se extremamente existencialista quando as pessoas vivem sem esperança.  Uma comunidade relevante, no contexto urbano, é aquela cuja adoração expressa seu compromisso com Deus não apenas no culto, mas essencialmente na vida.

A comunidade é a comunidade de salvos e da esperança. O mundo urbano apresenta-se como caótico. Desespero, medo, dúvidas, inseguranças, síndromes e doenças, desintegração familiar são características de uma sociedade em permanente crise.

A vida, modelo e ação da Missão

“A natureza e a missão não podem ser separadas como se a igreja pudesse existir sem a missão, ou como se a missão pudesse acontecer sem a existência da igreja, refletindo a presença e o poder de Deus.” (Ray Anderson)

A vida, modelo e ação da igreja estão relacionados intrinsecamente com sua motivação.

Exemplo: igreja de Tessalônica

1.       A igreja de Tessalônica estava localizada em um lugar importante e influente.
2.       A igreja começou com alguns judeus, gregos e mulheres.
3.       A igreja começou sob perseguição, sofrimento e opressão.
4.       Estas circunstâncias trouxeram alguns conflitos para a vida da igreja e dos seus membros.
5.       Apesar dos problemas, a igreja tornou-se um modelo de fé, amor e esperança.
O modelo veio baseado em duas coisas: Primeiro, a obediência e submissão aos líderes. Segundo, obediência e submissão ao Senhor. Eles obtiveram três resultados práticos como conseqüência desse discipulado:

a.       Trabalho produzido pela fé
b.      Labor motivado pelo amor
c.       Persistência inspirada pela esperança no Senhor

“As três virtudes supremas [fé, esperança e amor] expressam a “totalidade do que significa ser cristão, o critério verdadeira do cristianismo. Vivemos no passado pela fé; vivemos no futuro pela esperança; vivemos no presente pelo amor.”  Emil Brunner
Trabalho produzido pela fé

A igreja em missão deve lidar com duas tensões: a importância da manutenção e da preservação da fé; e a propagação da fé.

Manutenção e preservação são processos importantes. Paulo escreveu a Timóteo para:

1.       Fortalecer e encorajar a fé (I Ts 3:2)
2.       Ter notícias sobre a fé (I Ts 3:5)
3.       Encorajamento sobre a fé (I Ts 3:6,7)
4.       “Orando dia e noite, com o máximo empenho, para vos ver pessoalmente e reparar as deficiências da vossa fé.” (I Ts 3:10)

Fé sem manutenção e preservação pode se tornar fraca e frágil. A manutenção e preservação da fé fazem parte de um processo e não são fins em si mesmas. Se pararmos nesse nível, a igreja se tornará institucional ao invés de missional.

Esperar termos uma igreja saudável para depois fazer missão, dificilmente ela se voltará para o mundo ao seu redor.

A propagação da fé

F.F. Bruce disse que “a igreja em Tessalônica permanece firme; e na verdade, não mantinha somente a fé, mas propagava.”

Uma igreja é imatura se não está envolvida em propagar a fé em Deus.

Trabalho Motivado pelo Amor

O amor é muito mais que uma emoção; o amor é o trabalho e a fé em ação. Segundo Paulo, o amor possui três características (I Ts 4:9,10)

1.       O amor pode ser aprendido
2.       O amor deve ser universal
3.       O amor deve ser aperfeiçoado

Persistência inspirada pela esperança no Senhor

Nós nos aproximamos de Deus através da fé; nos aproximamos uns dos outros através do amor; e é através da esperança que nos aproximamos do reino que está por vir.

Não podemos viver como incrédulos, que não tem esperança. Nossa esperança não está depositada em nossa fé ou amor. Nossa esperança está em Jesus.

“Primeiro, uma missiologia da esperança significa que os cristãos se importam, e de uma forma tão profunda que arriscarão esperar por algo novo. Em segundo lugar, uma missiologia da esperança significa que os cristãos ousam acreditar que juntos podem transformar o mundo. Em terceiro lugar, uma missiologia da esperança significa que os cristãos professam a certeza naquilo que eles não podem ver.” Van Engen

“Fé, esperança e amor...possuem resultados práticos e concretos. A fé verdadeira em Deus leva a boas obras, e a fé sem obras é morta. O verdadeiro amor pelas pessoas leva ao trabalho em favor das mesmas; ao contrário, se degenera em mero sentimentalismo. E uma esperança verdadeira, que está voltada à expectativa do retorno do Senhor, conduz à expectativa do retorno do Senhor, conduz à esperança, a qual, em face à exposição, expressa uma coragem paciente.” John Stott

As barreira e pontes para a Missão

Barreiras:

1.       Visão teológica reduzida: limita em relação a ação da igreja coma cidade e sua participação missionária. Pluralidade e diversidade são características marcantes da sociedade urbana. A igreja que quer ser relevante ao seu contexto entenderá que necessitará de várias abordagens e métodos para levar o evangelho a essas tribos.

2.       O espírito individualista do protestantimo: fé no protestantismo foi , ou ainda é, vista essencialmente como uma resposta pessoal e individualista. A dimensão social da fé no protestantismo de algumas denominações teve problemas para ser manifesta no coletivo. A igreja é a agência missionária de Deus no mundo. Ela é sal da terra e luz do mundo – este é o desafio público da igreja.

3.       Liturgias que não expressam a vida urbana: a vida urbana é dinâmica e criativa. Quanto mais antiga são as liturgias, tanto mais fiéis permanecem às suas tradições denominacionais e históricas. Trata-se de sermos relevantes e contextuais. A liturgia nunca deve ser um fim em si mesma, mas uma ponte, um meio muito eficaz que facilita a relação entre Deus e o ser humano.

4.       Ausência dos membros na participação da igreja: quanto mais ativos forem os membros na igreja, tanto mais serão também na sociedade. Calvino entendeu que ele era pastor não somente da igreja, mas de Genebra. Quanto mais clericais somos, menos participação temos na vida da sociedade.

5.       Visão negativa da igreja: a cidade é vista do ponto de vista negativo. Centro de maldade, prostituição e drogas, poluição, trânsito caótico, roubos e assaltos, maldade. É ingenuidade ver apenas essas coisas e esquecer que Deus criou os seres humanos que vivem nas cidades.

Na história da igreja nas cidades encontramos várias visões: contra, a favor, acima, da e na.

A igreja contra é aquela que sempre age separando-se da cidade.
A igreja a favor é aquela que se aculturou e amalgamou com a cidade perdendo sua voz profética.
A igreja acima é aquela do celeste por vir, que não tem nada a ver com o que acontece aqui e agora.
A igreja da é aquela que é a expressão da cidade e não do reino de Deus.
A igreja na é aquela que está na cidade, geograficamente, mas que não tem compromisso e nem relevância na cidade.

A visão correta é a igreja com a cidade – uma igreja amiga , a favor da vida, que participa no dia a dia da cidade, expressando valores do reino de Deus em sua caminhada.

Pontes:

1.       Ponte da sensibilidade: o mundo urbano , com seus muitos problemas, vai minando nosso espírito de sensibilidade, a ponto de paralisar as nossas ações. O ciclo que destrói a nossa sensibilidade é:

a.       Impotência: quem somos nós para...?
b.      Indiferença: tudo isso não tem nada a ver comigo.
c.       Insensibilidade: é a morte da missão.
O professor de um seminário deu início à sua classe de homilética por um modo incomum. Ele escalou cada um de seus alunos a preparar um sermão sobre a história do bom samaritano. Um por um, eles deviam ir de sala em sala, pregando amor e compaixão pelos outros. Só havia um pequeno intervalo entre as aulas, o que forçava os candidatos a pregadores a se apressar a fim de cumprir o horário. Cada um dos candidatos a pastor precisava caminhar ao longo de um corredor e passar por um mendigo que fora deliberadamente colocado lá pelo professor.
O que aconteceu foi uma lição poderosa! O número de candidatos a pregadores que parou para ajudar esse homem foi extremamente baixo, especialmente daqueles que estavam sob a pressão do tempo. Apressando-se para pregar o sermão sobre o bom samaritano, quase todos passaram direto pelo mendigo que se postava no coração da parábola!
Muitas igrejas e pessoas não fazem algo para alguém para não abrir uma exceção.

2.       Ponte da cooperação: competição entre igrejas é uma tremenda barreira na missão da igreja na cidade. A IASD tem desenvolvido o projeto PREACH (sigla em inglês de Projeto para alcançar cléricos em seu lar). 

“Nossos pastores devem procurar aproximar-se dos pastores de outras denominações. Orai por estes homens e com eles, por quem Cristo está fazendo intercessão. Pesa sobre eles solene responsabilidade. Como mensageiros de Cristo, cumpre-nos manifestar profundo e fervoroso interesse nestes pastores do rebanho.” Evangelismo, 562.

Nossas estruturas devem estar a serviço da igreja e da sociedade. Nossas igrejas podem e devem ser centros de vida, que lutam contra o alcoolismo, drogas, analfabetismo, terceira idade, adolescentes grávidas, portadores de necessidades específicas.

A maneira como nós tratamos nossas estruturas físicas e nossos recursos demonstra o que entendemos por missão. A cidade é maior do que a igreja.

Missão é propriedade de Deus, através da instrumentalidade da igreja.

A igreja opera através de frentes evangelísticas diferentes para cumprir a missão: publicações, educação, hospitais, TV, rádio, ind. A igreja opera através desses meios com o foco na missão.

3.       Ponte do treinamento urbano: formar um povo capaz e preparado para a realidade urbana. A maioria dos treinamentos que a igreja faz é visando a própria igreja.

O sistema educacional da igreja deve ser uma capacitação técnica para a missão da igreja. Ensinamos, mas não capacitamos para a missão da igreja na cidade.

Somos capazes de gastar seis meses ensinando sobre evangelização e, ao final do curso, não ter nenhum projeto prático de evangelização urbana.

O ensino da igreja deve capacitar o povo da igreja a ser eficaz na tarefa missionária. Corremos o risco  de ser uma igreja que ensina, mas nunca forma, que tem classes, mas não prepara.

4.       Ponte da participação ativa: a igreja deve participar ativamente e se envolver com a cidade. A igreja não deve participar nas questões contrárias aos valores do reino de Deus.

Podemos e devemos promover ações concretas que irão repercutir e demonstrar os valores do reino de Deus, envolvendo a igreja na vida dos bairros, participando no comitê dos moradores, lutando pela melhoria e dignidade do bairro, projetos da cidade contra  pobreza, luta por habitação, educação e saúde.

Com isso, a sociedade verá a igreja com outros olhos.

Isaías 65:17-25

Esse texto nos fala de 7 características da missão urbana:

1.       Alegria de Deus para a cidade – v. 17-19
2.       Saúde para crianças e idosos – v. 20
3.       Habitação para todos – v. 21-22
4.       Alimentação para todos – v. 22
5.       Trabalho digno – v. 23
6.       Vida familiar ajustada – v. 23
7.       Ausência da violência e justiça social – v. 24-25

Roger Greenway  sugere 6 características que devemos ter no ministério urbano:

1.       Aqueles que desejam servir na cidade devem aprender a amar a cidade
2.       Os trabalhadores cristãos devem conhecer a cidade.
3.       Os trabalhadores cristãos devem aprender a apreciar o corpo de Cristo existente na cidade.
4.       Um trabalho bem sucedido implica em se condoer-se pela cidade.
5.       Bons trabalhadores urbanos possuem uma paixão por evangelização profunda e genuína.
6.       O trabalhador deve construir uma credibilidade genuína para ser eficaz no ministério urbano.